domingo, 9 de setembro de 2012

Calendário

‎"Espiar-te espero ao
Estereotipar calendários que convergem 
Signos, sombras e sobras
Antenas sóis e, concretas
sementes do Sol seco

acalento sincero, boca singela,
seres astrais.
Faça-me o falo-alvo,
O que alvos fora outrora Eros,
Em mulher concebida em pecado,
Perdoa o peão que gira nomes em
cartas,
Camas encartadas,
Sepulcro de páginas amareladas pela
luz da vela,
sopro,
escuro."

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Volta I

Retrato do
casaco que cansado,
Casava no peito dela
Era ela, 
Eras,
Atrás do bolso do paletó pálido,
Na praça do ouro,
Colada,
Em escamas-casca,
Casaco denso em termos internos de massa,
Matracas,
Enquanto o desenrolar da teia tece o alvorecer
na praça dela,
Era ela,
Era.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Perdição IV

Saberá,
Morte vem do tempo que falava versos soltos,
Palavras concretas nunca destilaram ventos,
E a infinita paciência cessa com o peso do cobre que cobre o corrosivo tecido,
Tecido entre os tecidos de juízo,
Julgam ter sonoras evidências,
De vida fora da vida.
Saberá,
É o feto que destrói o mundo,
É o esperma e o óvulo do máculo da humanidade.
Outrora, sementes gastavam realidades, presas e galhos em velcro, seda...
Ceda o que for.
Me desgastei outonos enquanto
as oliveiras secam nos rios ao longe, como o Egeu em magnitude.
Cadeia de feixes-luz, contraportos,
Em massivas faixas solares me entrecorto em três
ou mais,
Tanto faz o que se pensa, não pensa-me mais.
Saída vermelha.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Minos

Caçava o ser seu duplo, em um vitral de quartos disperso em salas desertas e paredes inacabadas, sem definir, em suas arrebarbas, portas e portais, encontros ou desencontros. Este que saía ou entrava quando queria; este que se entrecasava com os adornos inexistentes da sinuosa cortina de barbas brancas, que as aranhas deixavam pela borda do poço redondo e lunar. Lua branca, lupineal, uma forma esgarçada e temerosa de romper inegáveis desejos de ser outro ou ser salvo, enquanto somente se perdia dos e os brinquedos de que as imagens construídas de algo invivido formatavam-se. De maior súbito, escriturou-se a cada lugar e passo que, correspondentemente calculava por ser este, por anos, sua única forma de ver como passava o tempo utopicamente entre a estrela maior e ele. De vez em vez vinha, por qualquer lado igual, infinitas vezes uns seres, humanos, pessoas, pessoas. Tinham cara diferente à minha, sem cornos, simples serpenteados corpos fracos, sem jeito algum ao se deparar o seu redentor e sem a vontade de estar embebidos de sangue em poucos passos ao melhor que eu poderia fazer. Um príncipe que se preza não mistura teu sangue aos outros, mesmo que as vontades sejam Deles, ou mesmo o raio de Zeus caia sobre suas vontades. Ao menos não o faria, tenho pena dessa parte do mundo: esses seres podres, profanos e quase assim lúdicos. São belos às vezes, sim, são as vezes belos; sinto em ver o cheiro de cada pele caída que demarcam assim, as diferenças entre as paredes sem remos. Por cada par de pais eu via, de longe, ao sombrear do templo no tempo o mar, e seu cheiro salgado de véspera, chuvosa ou solar, algo que é internamente ornado para separar seres superiores de inferiores. Por Poseidon, essas águas ainda hão de ser minhas. Muitas vezes eu penso em me re-achar por aqui, e até encontro – dois ou mais eus – não tão bons quanto Eu. Mesmo que a cada espelhadiço argila e pedras somem e tomem posso dos vasos, iguais aqueles que a mãe-rainha tem no castelo, jamais haverá algum igual. Sou como a estrela mor, e meu nome, Asterion, é único também. Ao que sei, um pobre rendido me disse que um dia também terei minha chance de me unir ao mais alto poder divino. Mesmo que numa súplica, que seja de forma mais irreversível, espero aqui por esta ascensão. Tenho enquanto o outro o ser que toma a forma à outro e em outro, a possibilidade de ser uno. Mas espero mais, até que o fogo da última tocha do templo se apague e leve, para os astros, este sopro leve de luz.

(Inspirado no conto "A Casa de Asterion", de Jorge Luís Borges.)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Perdição III

Delícia ar convexo,
De vez em andaimes,
Sopra o terço do universo num único verso.
Em bíblicotécnicas,
Desevoluções convergem pensamentos,
Folha de seda,
Capa de couro,
Letras douradas e cetim.
Signos, palavras soltas,
Escreveste tudo, uma história meio-fim-de-tarde,
Num grande olhar a desenganar e quando
Esverdeado o terço passo
parte em vão,
A xícara rompe a asa do anjo caído,
O café se perde.
Mais água em ebulição.

Perdição II

Ia apenas pelo lago,
Não outro e sim, 
este lago.
O lago dela, a passarela,
O Sol
embrasado,
Cadeia do tempo passado,
Pássaro a passear pelos ares
andar à andares,
Pesado ar frisante,
O calor do gelo que caíra no congelador.
Não achei nada que procurava,
A dor da casa,
Aquela dor.
Àquela.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Perdição I

Era tudo sonho de uma noite que sonhado
sonhou o sonhador romântico,
Eu perdido, eu achando
que o achado era Eu,
Que o melhor era eu.
Quem é?
Quem és?
Quem quer?
Nem que a chuva caia, nem que o raio pare.
Meu escudo é a força da verdade,
E se ela dói,
A espada fere-me.
A magia é o contratempo da maldade.