terça-feira, 26 de abril de 2011

Casa





Simples, eram as palavras involuntárias que desbocavam dos olhos do amado.
Incompreendido, seriam os dois se fossem descobertos.
Sutil, é aquele aperto de mão disfarçado, ou um sentar ao lado, sem poder dizer sim.
Indecente, eram uns pensamentos que rondavam cama ao lado, calados, inertes.
Certeza, é do nosso amor incondicional e de tudo o que realmente importa.
Desejo, é o que me arrepia a pele quando te vejo
e sendo simples este ensejo,
Posso pedir em breve, três desejos,
Para um gênio da lâmpada qualquer:
Que faça a nossa única razão ser um do outro;
Que tudo ao redor sejam detalhes dentro do nosso tesouro;
E que nosso maior ouro seja o sentimento único entre nós,
O amor.
Simples são as vontades entre dois corpos cúmplices, 
Incompreendidos,
Sutis,
Indecentes e certos
do desejo que querem que seja sempre,
Sua casa, seus lares.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Leve Reflexão de um dia Solar


É certo que havia sol. Era um forte e caloroso manifesto de brasas, que entreparedes e tetos, bancos e árvores, não impediam as cascatas d'água que despencavam de meus poros. Um ar qualquer, um passo a mais: um delírio franco esta manhã, onde é possível que eu não esteja preparado; porém a assertividade é clara, num eu-cego pelo exageiro da luz amarela. Caminhos, caminhamos: eu e minha alma sua, suada a soar de certidões e gritos compostos. Ser, eu.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

F(r)esta



Como passará, 
Este dia assim,
Azul celeste,
Sul, prece,
Notável de construção em nuvem.
Enluará, em luar
Sol, soma
fogo e cinzas;
Força dos corpos,
Entreolhares,
Entrearbustos,
Pelas casas e pelo campo,
Na anatomia dos seres:
eu espero.
Categórico, beije-me.
Beija esta boca que é tua sim.


Passou, este dia
assim azul sem prece.
Só pedi em linhas retas
e versos simples,
O eu-você,
Em mim.
Feche os olhos e vamos leve embora.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Locus Interno


Depois que o tempo desentendeu os sete segredos dos homens virtuosos e, a terra, se decompôs em sete vastos e largos campos de areia, a água se desprendeu chorosamente dos olhos-mãe das casas-útero, onde cada gota fazia-se brilhante mais que vidro, vidrificando os dedos insanamente,perdendo linhas de raciocínio e enviando aos marinheiros de prima passagem seus códigos e suposições; eu reabri a mente.
Entretanto, quantos monstros e temores coagidos com os tremores procuraram alcançar céus e marés desvirtuados, embebidos em caos e relva; selva intrincada, intrínseca nos pensamentos dos pensantes que antes chamaram-se pensadores?
Quantas manhãs eu perdi em casa, enquanto fora daqui o mundo girava, tudo explodia e eu continuava a ascender este plano para um outro plano, que nunca contei à ninguém?
Muitas vezes disse não, quando o sim resolveria e me traria a paz eterna?
Quantos mares eu abri, entreolhos, congestionados, contextualizados, em peças de um souvenir qualquer hiperativo e hiperbólico, esfumaçando em dezenas de cores os sentidos, todos?
Sebressaí eu, morando em mesma moradia, contando casos entre tempestades diversas, minha verdade quase universal?
Contei mais inverdades que omissões enquanto tudo desabava dentro de mim?
Separei, milimetricamente, sete vezes as sete palavras, entre as sete virtudes; sete perfumes; sete léguas; sete lembranças... Sete seres?
Essa cidade passa o tempo, conhecerá seu fim, mas não o meu. Não deixarei que me acordem mais uma vez.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Sentidos


O cego tateava, tateava. Chateava a velha, que passada, passava entre os bosques de cor sepitídica e contornava a relva tristensa da tarde salina, quase despenteando as samambaias de cor verde-sem-breu. Alguma água havia nesse ar descolorado, despercebendo mil criações que o cego fazia quando seus olhos, dez, estavam nas pontas de seus dedos a ver tudo o que ele tocava. E tateava, tateava, o cego assim buscava seu apogeu criterioso, no mistério daquilo que é desconhecido a cada ser. Dentro de si, uma ânfora de ar se deglutia em três, um coração e a mente mais aberta que qualquer olhos-vivos poderia ter. Enxergava então, o cego tateador, o que as boas pessoas de zelo comum não viam: a bondade, as coisas da natureza humana, a maldade, a decadência do pensamento humano e o declínio do saber, em detrimento da analogia mais simples: o aprender, cada vez mais. A velha, esta, sofria daquela síndrome de Gabriela*: "Eu nasci assim, eu cresci assim..." e nunca mudara seu pensar, nem a forma que fazia as coisas desde mil novecentos e sempre. Passar pelo mesmo caminho, comprar as mesmas coisas, fofocar as mesmas notícias e viver a julgar o pobre cego. Este que, com suas limitações, tornar-se-à ilimitado aos olhos de quem via a velha chateada. E ele, contudo, passara todos os dias juntando as folhas e tentando desvendar os mistério das cores destas, sem ao menos saber, ou entender, em sua essência, o que é uma cor...

sábado, 2 de abril de 2011

Moço


Esse moço brinca de bom-moço!
Brinca nada, é verossímil. 
- Ei moço, volte, tu não me trouxe desgosto,
Só bom gosto, em um esboço
de mente amada,
Aberta, entrelaçada,
Aqui comigo, neste quarto-janela-casa
Porta-cama-computador
Sem dor,
Só amor.
- Ei moço, sei que estarei e estarás sempre aqui.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Laços



É,
Por acaso,
Você passou por mim;
Fez descaso.
Procurou perder-se
no barco,
Mas joguei a âncora
de lado,
E encantei
com meu cantar,
Mil sereias ao mar,
Lama, lamuriar,
Entre laços,
Fartos.
É,
Eu vi você voltar.