segunda-feira, 11 de abril de 2011

Locus Interno


Depois que o tempo desentendeu os sete segredos dos homens virtuosos e, a terra, se decompôs em sete vastos e largos campos de areia, a água se desprendeu chorosamente dos olhos-mãe das casas-útero, onde cada gota fazia-se brilhante mais que vidro, vidrificando os dedos insanamente,perdendo linhas de raciocínio e enviando aos marinheiros de prima passagem seus códigos e suposições; eu reabri a mente.
Entretanto, quantos monstros e temores coagidos com os tremores procuraram alcançar céus e marés desvirtuados, embebidos em caos e relva; selva intrincada, intrínseca nos pensamentos dos pensantes que antes chamaram-se pensadores?
Quantas manhãs eu perdi em casa, enquanto fora daqui o mundo girava, tudo explodia e eu continuava a ascender este plano para um outro plano, que nunca contei à ninguém?
Muitas vezes disse não, quando o sim resolveria e me traria a paz eterna?
Quantos mares eu abri, entreolhos, congestionados, contextualizados, em peças de um souvenir qualquer hiperativo e hiperbólico, esfumaçando em dezenas de cores os sentidos, todos?
Sebressaí eu, morando em mesma moradia, contando casos entre tempestades diversas, minha verdade quase universal?
Contei mais inverdades que omissões enquanto tudo desabava dentro de mim?
Separei, milimetricamente, sete vezes as sete palavras, entre as sete virtudes; sete perfumes; sete léguas; sete lembranças... Sete seres?
Essa cidade passa o tempo, conhecerá seu fim, mas não o meu. Não deixarei que me acordem mais uma vez.

Um comentário:

  1. Não sei se sou só eu, mas reli esse texto em voz alta pra mim mesmo. A sonoridade do jogo de palavras é um deleite, quase um desafio de ser pronunciada com precisão. Sério, amo essas coisas.
    E quanto ao conteúdo, são raros os textos que conseguem ir tão profundamente na reflexão do ser. A conclusão que o eu-lírico chega ao final é a base da sobrevivência, da continuidade e da força de vontade humana.
    "Essa cidade passa o tempo, conhecerá seu fim, mas não o meu. Não deixarei que me acordem mais uma vez." Isso me tocou de verdade.

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