O cego tateava, tateava. Chateava a velha, que passada, passava entre os bosques de cor sepitídica e contornava a relva tristensa da tarde salina, quase despenteando as samambaias de cor verde-sem-breu. Alguma água havia nesse ar descolorado, despercebendo mil criações que o cego fazia quando seus olhos, dez, estavam nas pontas de seus dedos a ver tudo o que ele tocava. E tateava, tateava, o cego assim buscava seu apogeu criterioso, no mistério daquilo que é desconhecido a cada ser. Dentro de si, uma ânfora de ar se deglutia em três, um coração e a mente mais aberta que qualquer olhos-vivos poderia ter. Enxergava então, o cego tateador, o que as boas pessoas de zelo comum não viam: a bondade, as coisas da natureza humana, a maldade, a decadência do pensamento humano e o declínio do saber, em detrimento da analogia mais simples: o aprender, cada vez mais. A velha, esta, sofria daquela síndrome de Gabriela*: "Eu nasci assim, eu cresci assim..." e nunca mudara seu pensar, nem a forma que fazia as coisas desde mil novecentos e sempre. Passar pelo mesmo caminho, comprar as mesmas coisas, fofocar as mesmas notícias e viver a julgar o pobre cego. Este que, com suas limitações, tornar-se-à ilimitado aos olhos de quem via a velha chateada. E ele, contudo, passara todos os dias juntando as folhas e tentando desvendar os mistério das cores destas, sem ao menos saber, ou entender, em sua essência, o que é uma cor...
É, esse pensamento de não mudar nunca é o mesmo da minha mãe... Queria que ela percebesse como é bom a gente perceber a beleza de algumas coisas ao invés de se preocupar com as fúteis que se importa.
ResponderExcluir*que ela se importa.
ResponderExcluirTrocar os olhos de lugar, mudar os ângulos, novas vistas em mesmos ambientes...é o que precisamos agora para tornar essa vida rotineira e banal algo mais interessante de se viver e desvendar, quem sabe...a cura para a falta de visão atual seja a própria segueira.
ResponderExcluirTrocar os olhos de lugar, mudar os ângulos, novas vistas em mesmos ambientes...é o que precisamos agora para tornar essa vida rotineira e banal algo mais interessante de se viver e desvendar, quem sabe...a cura para a falta de visão atual seja a própria cegueira.
ResponderExcluirEnquanto a maioria das pessoas se contenta em engordar reclamando da pessoa que lhe trouxe o pão na mão, outras realizam uma aventura simplesmente especulando a cor de uma rosa.
ResponderExcluirOutras ainda mudam o mundo, apontando em versos tais façanhas diárias, quase não percebidas por quem tem tempo pra dizer que não tem tempo.
Obrigado por mostrar esse detalhe ;D
Nossa,lindo. '.'
ResponderExcluirVocê conseguiu abordar a simplicidade da vida e como as pessoas querem complicá-la.
Incrivelmente lindo. ;]