sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A Flor do Sim-ou-Não


Será que alguém, além de nós, observou neste dia a beleza na curta duração da vida desta flor, em meio à passagem das pessoas, dispersas com seus aparatos eletrônicos, com seus relógios - bombas do tempo - com todo o cinza do concreto ao redor e pelo simples fato de estar no coração da capital, num parque que muitas vezes, mesmo sujo pelos seres irresponsáveis, é símbolo de alguma vida em meio ao caos urbano, quase utopia? Complicado dizer, pois eu mesmo por vezes passei direto por coisas que hoje vejo, por que aprendi a enxergar com outros olhos e vejo outras cores, que antes não existiam. Quando por gentileza evitamos que o outro se suje, ou que tropece pelas ruas; ou mesmo quando damos uma sutil informação, estamos entrando na vida das pessoas para sempre. Jamais existirá outro eu, naquele lugar, que fizesse o que eu fiz; nem mesmo outro momento como esse. Esses momentos únicos são quase mágicos: Um sim ou um não e pronto, tudo muda e sintetiza as decisões como certas ou não, porém sempre definitivas. Esses momentos são imutáveis: O filho que resolve assumir o desejo por homens para os pais; a noiva que diz sim ao marido no ato do casamento; a avó que escolhe um neto como predileto; a adoção de um gatinho abandonado; atender aos desejos mais intensos em pleno local público; um beijo e um aceite de desculpas; todos são ligados, como redes inteiras a um único tempo e espaço. As vezes nos condenamos aos "erros" possíveis, mas, quem mede esses erros? Quem é aquele que pode apontar o outro como certo, se ninguém é detentor da verdade universal? Fazer escolhas faz parte do processo geral das coisas da vida, onde a maior caminhada é definida pelo sim e pelo não. O "talvez" é por de lado uma resposta que, no futuro pode ser dispensável ou não mais necessária. Por isso antes de parar o seu carro para ver e ovacionar o acidente na rua para ver a pessoa que morreu tragicamente pense: Quais seriam os sonhos dela? Ela tinha planos? Família? Alguém se importaria se fosse você ao invés dela? Não julgue, não especule; não feche os olhos, mas não sesacionalize. Estamos aqui por um motivo. Perca seu tempo com as flores, com os pássaros e patos do lado ou, simplesmente tentando descobrir o seu motivo de estar aqui.

2 comentários:

  1. Concordo plenamente contigo quando dizes pra pensarmos melhor em como gastamos o nosso tempo. Ele que na maioria das vezes faz com que não façamos nada, devido à falta de tempo. Observar o simples pode ser tão complexo quanto deduzir a origem do universo; na verdade acredito que uma coisa depende da outra. O grande espetáculo de estar vivo é poder fazer escolhas - de preferência as certas - porém não acho que cada momento seja único, e cada possibilidade pré-determinada. Acredito que várias possibilidades co-existam ao mesmo tempo, não tornando nenhuma inválida nem imutável. Portanto, do mesmo jeito que vc pode dar uma informação, ou chamar a atenção de alguém sobre um lugar vomitado, outra pessoa pode o fazer, ou vc mesmo pode deduzir ou perceber.É meio chato quebrar com a mágica de sermos assim tão únicos, mas a vida continuaria existindo se não estivéssemos aqui. Por isso acho que depende de nós fazermos algo para que sejamos de alguma forma lembrados, e preservemos nossa existência um pouco além do que a nossa vida. Pode ser por meio de um trabalho bem sucedido, um amor correspondido, ou então, platônico. Mas é necessário que vivamos para viver.

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  2. Que texto belo!

    Bem reflexivo.



    =*

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