Passava à toa várias vezes por dia em frente as mesmas casas, nenhuma delas trazia à tona a verdade que por alí estava acontecendo: Trouxas de roupa, cortinas empoeiradas, tapetes esgarçados e algumas folhagens; todas verdes e agumas mais que as outras. Enfim, era uma rua qualquer, sem nada relevante ou subscrito nas páginas das ladeiras que vinham e iam entre as curvas em brita e piche. Salgadas, talvez amontoadas entrecortadas por sorrisos ou caras-feias dos cidadãos sem-sucesso que por alí passavam a cobrar até o ar que respiravam. As meninas, estas correm corriqueiras pelos burburinhas de que a novata iria chegar. Novata quem, novata aonde. Novata o quê?
Ouvia todo dia o roda em roda metálico tilintar das bicicletas antigas, correndo entre os pedestres, os cães e os senhores de alforge distintos, que braços davam às senhoras sem-talento, a gritar "a novata, a novata..." em tons diferentes de desafinação aguda. Mas quem poderia então concordar comigo que era outro dia, e não mais um dia, onde cada crepúsculo não desnascia de um outro amanhecer?
Acho que a novata não vai aparecer pra mim. Melhor assim, sempre terei algo novo a procurar. O que se faz da vida ao invés de desejar sempre algo mais, e ir além... Além daquelas portas e janelas, com cortinas degradê. Botões de flores plásticas que nunca florescerão e talvez um perfume de jasmim, que jamais se perderá novamente no ar.
Amável.
ResponderExcluirComo você traduziu o que eu queria dizer: Bucólico. <3
ResponderExcluirAdoro esse texto. Ricamente detalhado num cenário denso de observações, minimalismos e impressções, quase um devaneio presente no olhar perdido de alguém da cidade. Lindo!
ResponderExcluirSeus textos continuam lindos e você escrevendo super bem!!
ResponderExcluirEu li todos eles, e cada um tem seu toque especial *.*
=*
Esse texto tem sabor de angústia, de saudade. Emaranhado de anseios de uma alma que clama, que se apega, que espera... mas no fundo só está procurando, às vezes nem é sabido o quê busca, mas ela prossegue.
ResponderExcluirUau... A rica detalhação do texto em algo tão cotidiano e simples o faz parecer tão leve e, ao mesmo tempo, denso em relação à um acontecimento comum... Tão lindo *-*
ResponderExcluirMuito bom, a forma como voce prende a atenção com textos que são quase cronicas é gênial xD
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