quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Liberdades

É tanta liberdade que almejamos que nem sabemos bem, ao certo, qual caminho escolher: só sabemos dizer o que os corações pedem, o que  a súplica de cada respirar pode causar entre o céu e a terra, entre os respingos da chuva branda que agora caí e bate em minha janela, fazendo-me querer um temporal de carinhos e afagos. Resgatar as faces da verdade nas mentiras ensaiadas de cada ser temporão é como ladrilhar aquela velha rua descalça com um pouco de cada semente plantada no coração - e regada, a cada dia, com amor - e esperá-la renascer como a ave que vem do fogo, como cada amanhecer. Desejamos essa liberdade como desejamos, sem perceber, bombear o sangue do coração para o corpo insólito que precisa dele, que precisa existir para desejar qualquer coisa. Estar livre está longe de estar sozinho, na verdade não existe liberdade solitária. A solidão é uma máscara contra aquilo que nos fere e não conseguimos evitar. Estar sozinho não é opção, é imposição, muitas vezes, de nós mesmos. Liberdade é fazer as escolhas certas, que mudam a cada momento e esse certo e errado tem medidas diferentes dependendo de quem olha, e da óptica de cada ser vivente, que não se entrega sem saída às indagações alheias, nem se deixa desamar por nada. Eu tenho essa liberdade, fiz as escolhas certas, muitas vezes erradas aos olhos de terceiros. Mas quando sentimos o poder de mudar o destino com as nossas mãos é como se nada mais pudesse parar nosso tempo. Abrem-se as algemas, rompe-se o hímen, quebram-se as correntes, cortam-se o cordão umbilical.

2 comentários:

  1. Ah, liberdades... Os humanos sempre querendo alcaná-la. Poor little bastards.
    E a foto, perfeita. Tem meio que um ar de Las Vegas, não acha?

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