sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Um sopro insano,brisa torpe...

... Estava como folha seca sob o lento frio de Junho, onde as águas estavam distantes de cair, onde o passeio era apenas um descampado engalhado de leves tendências, todas armadilhadas como os arquétipos que ainda soldavam as mentes dos que por ventura, cruzavam a rua em U. Sabe-se bem o teor da mente dessas pessoas que que nada me interessavam. Preferia meu patamar de auto-carrasco, meu alforge de ser indescritível para mim mesmo. Mentira, queria amar, se é que isso seria possível. O amor só acontece quando, de fato, soltam-se as amarras, como um Prometeu, liberto de suas correntes com sede de vida. De fato, eu nunca imaginei que num risco qualquer eu encontraria o que toda planta ressequida busca: As chuvas do dez, aquelas que nos trarão mais uma vez o verde e as cores marcadas como batom. Mas e a paixão, onde está? Eu sequer gostaria de me apaixonar. Tudo o que os ventos do passado fizeram como seus furacões arranca-corações não me deixara dúvidas de que eu não tinha esse privilégio. Esse direito, talvez, mas como chegar até ele? Eu pensava que deveria então, beber mais; sorrir e chorar mais. Mas secaram os potes dos olhos abertos e fechados, e as escolhas que forjei com o ferreiro chamado medo. Esse nó de forca que tenho na garganta me tira o ar, quase me suicidando, entre cortando o tempo e espaço do que sou eu e do que poderia ser você. Você eu miméticamente idealizo, ponho e tiro defeitos; arrumo confusões, pendências, broncas. Talvez por que esse você não seja o você que eu busco. Esse eu-você, talvez não exista. Mas eu sei que posso voar ainda, mesmo sem asas. Eu quero ir além das estradas marcadas, inférteis e de terra insólita. Eu serei homem, pássaro e semente.

Um comentário:

  1. Nossa, que profundo! sou um pouco suspeito pra falar, mas ta perfeito adorei... J.N

    ResponderExcluir