domingo, 31 de outubro de 2010

(Cumpli)cidade

Eu esperei cada passo programado, mas deixei que as coisas acontecessem com fluidez. Me dependurei debruçado na varanda da casa-solidão, prestes a ser preenchida com o que eu tinha certeza de que era o tão falado amor. E assim fez-se tempo e temporal, moldando as nuvens em belo céu e paisagem, onde o verde resolvera aparecer sem mesquinharia. Aqui na cidade faixa-verde, tudo acontece de forma atemporal: Quando estamos juntos, o tempo insiste em brincar de pique-pega. Quando estamos separados, o relógio para. Assim como pairou nos corpos febris o calor do desejo, que matamos com sede de quem sabe exatamente o que o outro espera como resposta corpo-a-corpo. Saímos do patamar de descobertas à tempos, para dar vazão ao título de íntimos. É isso que o corpo dos amantes reais tem que ter: Intimidade, e não se sentir intimidado. Voracidade, e não se sentir acuado. Cumplicidade, e não terrorismo. Todas as formas de amar devem ser relevantes, tem que ter a mesma validade. Se você ama com todas as forças; se faz tudo para que cada pensamento seja de vocês, apreciem um crepúsculo avermelhado na cidade-concreto ou vejam a chuva cair de uma marquise qualquer das comerciais. Sinto-me com asas e voô longe quando você me permite te tocar, enquanto a cidade se cala.

Um comentário:

  1. Hey!

    Saudade de ler os seus textos, que, como este, são perfeitos *.*

    O amor é conturbado e ao mesmo tempo tão simples quando escrito por você.


    =]

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